Eu queria tecer uns versos
Que falassem do amanhecer
Do sol risonho, cheio de graça
Correndo as matas do Araripe
Acordando os passarinhos
E que tivessem os tais versos
A leveza de um bem-te-vi
A alumbrar a flor-do-mato
E a mansidão de um riacho
Em qual leito – brando ato!
Morre a sede do quati
Mas eu preciso é fazer versos
Que alardeiem o desacato
De cada pau que a serra corta
De toda albugem e folha morta
Do fim do mundo à minha porta
De eu não ter mais pra aonde ir
Onde estão esses versos
Que incitam o refletir
Velando, talvez, um encanto
Ou a força cega de um pranto
Versos vazados em canto
Como eu nunca escrevi?
Paulo Roberto Coelho Ximenes
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