Professor Arak desceu do ônibus para comprar o de comer. Sacola na mão, para no Butikim do Bigode vizinho a Churrascaria Boi Nos Ares e de frente para a delegacia na praça principal.
Entornando doses de empalhada, Arak observa uma senhora acocorada e gritando junto ao portão dos fundos da delegacia para melhor se entender com um dos presos:
— Romeuzinho meu filho! Já acabou o sabonete? Eu trouxe papel higiênico, pasta de dente e cigarro. Não, não e não! Esquece essa diaba da Alim. Ela amancebou-se com o tal de Rui de Almada.
Arak paga a conta e segue rumo ao Tibete ruminando: “Existem pessoas que não podem contar com nada, nem mesmo com o acaso, porque há existências sem acaso”. Pragmatismo menos que o receio de ficar refém da violência, Arak corta caminho atravessando a favela do Paufinin.
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