A Bolsa ou a Vida
Ledinha acordou bem disposta em seu leito de viúva. Só depois de maquiada é que foi tomar o seu breakfest na sua varanda gourmet com vista para o mar dando de cara com Blond estatelada no seu tapete persa. Apavorada, ligou para seu afilhado:
– A Blond acordou morta! E o enterro é muito caro.
– Enrola num lençol, chama um táxi que a gente enterra aqui no quintal.
– Tá maluco! Meus lençóis são todos de linho.
Saiu para pegar um táxi na rua levando a bolsa e Blond enfiada na embalagem do seu novo computador de jogar paciência.
Kelvin tentara de tudo para vencer na vida até ser advogado, aliciado pela traficância acabou preso e condenado. O colega que fez sua defesa ficou com sua casa, seu carro e o resto da sua poupança. Monitorado por tornozeleira, Kelvin virou a noite sem se quer apurar o aluguel do táxi. Solicitado por uma velha senhora carregando a bolsa e um computador, mal iniciara a corrida, estacionou em frente dum terreno baldio e, empunhando um revólver de brinquedo, mandou a velha senhora deixar a bolsa, o computador e sair correndo.
Os vizinhos incomodados com o mau cheiro, bateram à porta de Ledinha. Não atendidos, chamaram os bombeiros. Arrombada a porta, se depararam com a velha senhora estatelada no seu tapete persa atracada com sua bolsa.